Flores da Quinta Braamcamp: A Chicória Brava e O Cardo de Ouro

As flores da Quinta Braamcamp


Este espaço natural é também muito rico em termos florais. Como constitui um refúgio para muitas espécies animais, também proporciona condições para muitas plantas, plantas essas importantes para os insetos e para as abelhas – elementos indispensáveis à existência da espécie humana.

Num dos meus passeios matinais pela zona da Alburrica e pela Braacamp, encontrei duas plantas que muito gosto e das quais vou falar: o Almeirão (Chicória Brava) e Cardo de Ouro (Carrasquinha).

O Almeirão

Nome Científico: Cichorium Intybus

Família: chicoracea Asteraceae

Popular: Flor de Chicória, Chicória Brava…


É uma planta vivaz, rústica, que surge em solos leves, arenosos, ligeiramente húmidos e com alguma alcalinidade. Estes são os seus preferidos, contudo pode também aparecer noutro tipo de solos, à exceção dos argilosos.

O tipo de solo da Braamcamp é o ideal para esta planta.

O Almeirão tem flores azuis claras. O seu período de floração ocorre no fim de maio, no mês de junho, até inícios de julho, começando, depois, a secar. O caule é oco e estriado, as folhas são pubescentes e verdes, ovaladas e ligeiramente dentadas. Na parte inferior da folha, apresenta pêlos sensíveis e quase invisíveis. Esta vivaz herbácea pode atingir mais de 1 metro de altura, impondo-se com as suas flores sobre o prado. 


Etnobotânica: Quanto aos usos e finalidades, estes são diversos. Pode ter usos medicinais e também alimentar. Nalguns estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos, foram registados alguns usos dirigidos aos problemas de fígado, à ajuda na digestão, à abertura do apetite (tónica), em infusão.

Têm sido referidos também outros usos, nomeadamente da raiz que, sendo seca e torrada, se pode moer, para fazer uma espécie de “café”, de sabor aprazível. As folhas e as flores são comestíveis. As folhas têm um trave amargo, mas o seu uso em saladas é agradável. Por sua vez, as flores, também comestíveis, encaixam-se igualmente não só em saladas, como também enquanto toque decorativo em alguns pratos, como o arroz.


Do ponto de vista das referências históricas, esta planta é referida desde o Antigo Egipto, passando pela Idade Média, onde há também referências aos seus usos como planta medicinal e alimentar.

Do ponto de vista visual e estético, é uma planta elegante e que empresta um colorido impressivo ao manto vegetal. Este encanta aqueles que para ela sabem olhar e, consequentemente, apreciar. Faz parte das espécies da nossa Braamcamp.


Cardo de Ouro

Nome Científico: Scolymus Hispanicus

Família: Asteraceae

Popular: Carrasquinha, Cangarinhas, Cardo Santo…


O cardo, com as suas flores amarelas e espinhosas, é muito comum. O seu caule é penogento, tendo um aspeto ramoso. Esta planta, nativa de Portugal, aparece em todo o país, mas com grande ocorrência no Alto Alentejo. Aqui, na península de Setúbal, tem uma boa ocorrência – é o caso da Quinta Braacamp, onde ele está bem adaptado.

A floração, tal como no Almeirão, ocorre entre finais de maio e princípio de julho. Encontra-se, neste momento, na fase mais evidente de inflorescência. Relativamente ao seu tamanho, pode atingir mais de 1 metro de altura. É importante também o cuidado face às suas folhas espinhosas, que apresenta na sua fase adulta.


Etnobotânica: Há também algumas referências ao uso das extremidades floridas em infusão, para diminuir os estados febris e para estimular o apetite. Na fase em que o nosso cardo rebenta e na sua fase inicial, ou seja, ainda jovem, os seus caules podem ser apanhados e comidos, em sopa. Sendo um vegetal rico em ferro, vai enriquecer o caldo. Há também notícia que, em alguns sítios, nomeadamente no Alentejo, o cozido de grão é confecionado com cardo – isto é, com as carrasquinhas. A altura ideal para apanhar esta planta em condições adequadas para a culinária, é no fim do mês de janeiro/ princípio do mês de fevereiro, altura em que se encontra viçoso e tenro.


Esta planta, muito bonita e atrativa, ornamenta, de forma bela e marcante, os campos. Os botões de flor amarela convocam os nossos sentidos, de uma forma mágica. E esta herbácea, de forma visualmente exacerbada, está também na nossa Braamcamp…

Em jeito de término, ambas as plantas correm o risco de desaparecer, se as intervenções previstas e desejadas por alguns se vierem a verificar.

 

Sobre a Braamcamp:

https://associacaobarreiropatrimonio.pt/jornadas/tag/quinta-do-braamcamp/

https://www.publico.pt/2019/11/21/local/noticia/plataforma-pede-nao-aprovadas-construcoes-quinta-braamcamp-barreiro-1894609

https://www.publico.pt/2020/06/23/local/noticia/venda-quinta-braamcamp-barreiro-suspensa-declaracao-ineficacia-1921570

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