Da Bela Ericeira partiu D. Manuel II para o Exílio (5 de Outubro de 1910)
Da Bela Ericeira partiu D. Manuel II para o Exílio (5 de Outubro de 1910)
Na sua praia se enterrou
a monarquia…
Foto da Praia
Hoje fui visitar a bonita vila da Ericeira e relembrei o episódio da fuga da família real para o exílio na sequência da queda da monarquia.
Decorrente
da Proclamação da República da varanda
da Câmara Municipal de Lisboa em 5 de Outubro, D.Manuel II, o nosso último Rei,
caiu com uma monarquia que ninguém parecia querer defender.
O rei
D.Manuel II e sua mãe D.Amélia, e restante
família real foram levados de forma, digamos, consentida para a Ericeira. Foi
aqui, nesta terra do mar azul, que rezou pela última vez em solo Português.
Aqui deixou a pátria.
A Ericeira
estará para sempre ligada à partida do
rei para o exílio. Foi um episódio do maior simbolismo que foi acompanhado
pelas gentes locais e pelos defensores da monarquia. Poucos na altura estavam,
ainda, dispostos a dar a vida por uma monarquia decadente e sem solução à vista.
Ali na
terra sobranceira ao mar caminhou em direção à praia, onde embarcou para
Inglaterra. Rei fora, monarquia abolida. Inicia-se a 1ª República Portuguesa.
D. Manuel
no seu curto reinado ainda tentou pacificar o país, mas o rumo imparável da história deitaria por
terra oito séculos de monarquia.
“ D. Manuel
fixou residência em Fulwell Park, Twickenham, nos arredores de Londres, local para onde seguiram os seus bens
particulares[…]. Ali procurou recriar um ambiente português, à medida que fracassavam
as tentativas de restauração monárquica (em 1911, 1912 e 1919). Manteve-se
sempre ativo na comunidade, frequentando a igreja católica de Saint James, e
sendo o padrinho de batismo de várias dezenas de crianças. A sua passagem no
lugar ainda se vê hoje em topónimos como "Manuel Road", "Lisbon
Avenue" e "Portugal Gardens".
Continuou
a seguir de perto a política portuguesa, gozando de alguma influência junto de
alguns círculos políticos, nomeadamente das organizações monárquicas.
Preocupava-se de que a anarquia da Primeira
República provocasse uma
eventual intervenção espanhola e o seu perigo para a independência nacional.
Pelo menos um caso é conhecido em que a
intervenção direta do rei teve efeito. Depois do afastamento de Gomes da Costa
pelo general Carmona, foi nomeado novo embaixador de Portugal em Londres,
substituindo o anteriormente designado. Dada a aparente instabilidade e rápida
sucessão de embaixadores designados, o governo britânico recusou-se a
reconhecer as credenciais do novo enviado. Ora acontece que na altura estava a
ser negociada a liquidação da dívida de Portugal à Inglaterra, pelo que o
assunto se revestia de grande importância. Nesta conjuntura, o ministro dos
negócios estrangeiros da república pediu a D. Manuel que exercesse a sua influência para
desbloquear a situação. O rei ficou encantado com esta oportunidade para ajudar
o seu país e levou a cabo vários contactos (incluindo provavelmente o seu
amigo, o rei Jorge V), o que teve de imediato os efeitos desejados.
Apesar de deposto e exilado, D. Manuel teve sempre um elevado grau de
patriotismo, o que o levou, em 1915, a declarar no seu testamento a
intenção de legar os seus bens pessoais ao Estado Português, para a fundação de
um Museu, manifestando também a sua vontade de ser sepultado em Portugal.”[1]
Faleceu em
1932. Com a sua morte, o país tentou reconciliar-se com o Rei, e foi tresladado
para Portugal onde teve funeral com honras nacionais de Estado.
Em 1932,
estávamos na fase de afirmação do Estado Novo que seria consolidado em 1933 com
a nova constituição que colocou um fim aos ideais democráticos da 1ª República.
Esta nova constituição de 1933 lançou as bases do salazarismo e fascismo em
Portugal.
A Ericeira do mar azul,
a deusa do mar, o paraíso do surf ficou ligada a este episódio de abolição da
realeza em Portugal. Foi na sua praia que se enterrou até hoje a Monarquia.
Relacionado:
Exílio de D. Manuel II. A sua partida para Inglaterra: https://ensina.rtp.pt/artigo/d-manuel-ii-1889-1932/
http://ericeiramais.blogspot.com/2009/09/afuga-do-rei-ou-sua-saida.html
https://osaldahistoria.blogs.sapo.pt/as-mulheres-de-d-manuel-ii-46245
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