Henrique Pousão: A Genialidade da Brevidade Criativa

O Pintor Calipolense Henrique Pousão: 

A Genialidade da Brevidade Criativa

                                                           Esperando o Sucesso, Pousão

Henrique Pousão nasceu em Vila Viçosa, em janeiro, no primeiro dia do ano de 1859 e morreu no dia vinte de março de 1884, no mesmo sítio onde nasceu. Vida curta. Ninguém devia morrer tão novo e tão promissor. Tinha tanto para nos deixar. Ninguém devia morrer aos 25 anos, na flor da idade, no vigor da inspiração, da genialidade e na idade da coragem de experimentar e ousar.

                                                                 Rapaz  Napolitano, 1882

Apesar de, em 1882, Robert Koch ter isolado o bacilo da tuberculose, o tratamento medicamentoso adequado tardou, não impedindo que a maldita doença reclamasse a vida de Henrique Pousão, no vigor e força da idade e da criação.

Estudou no Porto. A sua obra encontra-se, isto é, a maioria do seu espólio, no Museu Soares dos Reis, no Porto.

                                           Casas Brancas de Capri, 1882

 Foi Bolseiro em França. Aí recebeu influências várias, principalmente dos “impressionistas" que já se afirmavam no panorama artístico parisiense. Nomes como Monet, Renoir, Van Gogh já se faziam ouvir. Só a partir de final dos anos 70 do século XIX é que o Impressionismo se afirma, como herdeiro e continuador do realismo, na temática da natureza e da figura humana. Contudo, é evidente em Pousão esta paleta de influências, com as suas cores quase puras ou nas pinceladas rápidas e nas tentativas que fazia de jogar com a luz.

                                                           Saint Sauves, França

Viajou por Itália, Capri, Nápoles e Roma cidades nas quais vivenciou as paisagens e as gentes, ainda que na busca de cura para os problemas de saúde associados à tubérculose.

Os lugares, as pessoas, os quotidianos, as paisagens por onde passou foram registados em rostos, ruas, caminhos. Fez uso de grandes massas de cor, jogou com o claro-escuro e com a luz-sombra.

                                                       Cecilia, 1882

Nalguns quadros temos alguns traços abstratos, mas noutros, Pousão, procura claramente a realidade com naturalidade e crueza.


                                                                     Rua de Capri

Com Henrique Pousão podemos ver e traçar o antes e o depois da pintura Naturalista/ Realista em Portugal.

 

                                                                Persianas

Inscrevem Pousão como pintor na primeira geração Naturalista e/ou Realista. É de natureza trabalhosa fazer a distinção entre Realismo e Naturalismo. Ambos se interpenetram e se abraçam. Natural porque real e naturalismo porque é da ordem do realismo.

                                             Pintura

Na transição para a segunda metade do século XIX, fruto do cientismo, da crença no progresso, da industrialização, do positivismo… O mundo foi também, pelo pincel do pintor retratado e visto tal como era, naturalista e realista.

                                                             Mulher da Água

O Realismo é uma vanguarda artística e literária que rompe com a exaltação romântica da realidade e se dedica a reproduzir de forma factual, positivista e neutral o mundo como se oferece. O quotidiano e a realidade são a matéria-prima de escritores e pintores.

E que gente que o realismo nos deu na pintura e na literatura! Edouard Manet, Gustave Courbet, Honoré Daumier, Millet na pintura. Na literatura Zola, Dickens, Dostoievsky, entre nós, a Geração de 70, com Antero de Quental, Eça de Queirós e tantos outros.

                                                           Rapariga Romana

O Realismo procurou retratar ou descrever com objetividade a realidade social do quotidiano, da vida, das pessoas no trabalho, na dor e no prazer. Operários e trabalhadores rurais tornam-se em motivo de representação. Um dos fundadores e figura maior do realismo foi Jean François Millet, 1857, com o quadro As Respigadoras, uma composição simples, com harmonia de cores e um desenho das personagens rurais: as mulheres a apanharem a espiga, marcando “as regras” do que haveria de ser o pintor do Realismo.

                                                   As respigadoras, Millet, 1857

Quanto a Pousão concluímos que foi naturalista, mas também temos de fazer justiça e inscrever o seu nome na vanguarda do Realismo, que vai ter nomes em Portugal, como Columbano, Malhoa... Pousão só não teve tempo, a sua vida foi ceifada na fase ainda de aprendizagem e formação.

 

 

Imagens dos quadros de Henrique Pousão:

Museu Soares dos Reis, Porto e Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa

Relacionado:

http://www.museusoaresdosreis.gov.pt/SearchResults.aspx?lang=pt-PT

http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/artistas/ver/28/artists

Para saber mais:

https://www.infopedia.pt/$naturalismo

https://www.infopedia.pt/$realismo-(arte-e-literatura)

https://www.infoescola.com/movimentos-artisticos/impressionismo/


 


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