A Biblioteca Escolar: Formação de Utilizadores e Leitura
A BIBLIOTECA ESCOLAR
A formação de utilizadores: objectivos e estratégias
por
Domingos Boieiro
Uma das principias funções da BE é o
desenvolvimento de hábitos de leitura, um objectivo que podemos entender de
forma bastante ampla, já que a leitura é a base que sustenta a capacidade de
aprendizagem pessoal nas diferentes áreas disciplinares. Neste sentido, a
biblioteca escolar deverá empreender actividades dinamizadoras que favoreçam as
relações com os diferentes componentes da comunidade escolar, como já se
referiu, e que promovam a familiaridade com a leitura e a utilização da
informação.
Podemos, assim, considerar que a
dinamização da BE se pode estruturar com base em dois eixos principais: a formação dos
utilizadores e a animação da leitura.
Nesta unidade vamos dar atenção
particular à temática da formação de utilizadores e à educação documental e
literacia da informação. Voltamos igualmente a sublinhar que os resultados
concretos dessas actividades serão mais conseguidos se existir uma articulação
com as actividades de sala de aula.
A formação de utilizadores é uma tarefa pedagógica intimamente relacionada com a função
capacitadora da escola e a sua vocação formativa.
“La sociedad actual genera grandes cantidades
de información y requiere, a la vez, su uso constante. La adquisición de los
instrumentos y de las capacidades necesarias para poder trabajar con el flujo
informativo resultará, cada vez más, indispensable. En este sentido, la
biblioteca escolar aparece como un agente igualitario que ofrece las mismas
posibilidades a todos los alumnos, independientemente del entorno intelectual
en que se muevan." (Baró, Mónica. Maña, Teresa, Formarse
para informarse, Madrid: MEC, 1996)
A formação de utilizadores na BE vai para além do simples manejo de instrumentos
informativos (índices, catálogos) ou do desenvolvimento de competências de
pesquisa. Supõe a construção de um modelo pedagógico em redor de um espaço de
comunicação no qual participam todos os professores, promovendo experiências de
aprendizagem que desenvolvam a progressiva autonomia informativa dos alunos e
gerando processos de retroalimentação didáctica que vinculem a BE à prática
diária nas aulas.
Este projecto implica afrontar um duplo
desafio:
A apropriação do espaço, facilitando o acesso à
informação a partir do conhecimento das instalações da biblioteca, dimensão
particularmente importante para os alunos masi novos e para os recém-chegados à
escola.
A educação documental, mediante a aprendizagem
de técnicas de trabalho intelectual e o desenvolvimento da capacidade
investigadora.
Estes dois aspectos têm múltiplas
concretizações, já que o objectivo da formação de utilizadores é o de
transmitir:
a) Conceitos referentes a:
·
suportes
documentais.
·
tipos de
documentos: dicionários, enciclopédias, monografias, obras literárias, dossiês,
etc.
·
Título,
autor, editoria.
·
Classificações
e organização da colecção.
b) Procedimentos:
- Aceder à
informação.
Como utilizar:
·
os
instrumentos auxiliares do livro,
·
um livro de
texto,
·
uma obra
documental,
· um dicionário de língua,
·
um dicionário
enciclopédico,
·
uma
enciclopédia,
·
um atlas,
·
os catálogos
manuais,
·
os catálogos
informatizados,
·
o leitor de
CD-ROM,
·
a rede
Internet.
- Compreensão e tratamento da informação
Como organizar-se para:
·
abordar uma
investigação,
·
elaborar o
resumo de uma obra,
·
reconhecer o
contexto histórico ou geográfico de um relato,
·
fazer uma
biografia com distintos níveis de eleboração,
·
apresentar
uma bibliografia,
·
fazer um
quadro cronológico,
·
fazer uma
exposição escrita,
·
fazer um
dossiê documental,
·
fazer um
dossiê de imprensa,
·
preparar uma
exposição oral,
·
encontrar uma
informação pontual,
·
procurar
documentos fora da biblioteca escolar,
·
preparar una
visita pedagógica,
·
procurar
informação sobre profissões,
·
preparar uma
viagem.
c) Atitudes, valores e normas:
·
tratar
adequadamente os materiais,
·
considerar a
biblioteca como um espaço público partilhado,
·
respeitar as
normas de empréstimo,
·
despertar uma
atitude de colaboração,
·
cultivar o
espírito crítico.
Foto Pinteres.pt (autor desconhecido)
Segundo Madeleine Couet, as actividades de formação de utilizadores:
"...están
orientadas a la adquisición por parte de los niños de competencias
relacionadas, por una parte, con la apropiación de los lugares de lectura, es
decir, aprender a situarse, a hacerse con esos lugares de lectura y, por otra,
con la apropiación de las herramientas documentales en
("Las
actividades de animación y la dinamización de las bibliotecas escolares, in I Simposio de Canarias sobre bibliotecas escolares y animación a la lectura, 1995)
Estas
aprendizagens podem tornar-se mais atractivas se procurarmos recursos
motivadores que relacionem as actividades propostas com os principais
interesses das crianças e jovens. As crianças/os jovens são, por natureza,
grandes investigadores. A sua curiosidade pelo mundo que os rodeia leva-os a
analisar e a comparar. Na criança, o interesse pelo jogo surge do desejo de
experimentar situações estimulantes, que desafiem os seus saberes.
Em função destes aspectos, montar um
projecto educativo para a pesquisa documental supõe partir dos interesses dos
utilizadores (crianças e jovens) e articular, sempre que possível, com outras
aprendizagens, mediante dinâmicas que provoquem experiências significativas
para a sua aprendizagem e que ponham em acção os principais componentes do jogo
de aventuras:
Provocação: elementos que chamem a sua
atenção (intervenção de uma personagem ou objecto, sons, decoração).
Mistério: uma história apenas
sugerida pode despertar a sua curiosidade (narração oral, pistas escritas,
fragmentos literários): temos um enigma para resolver.
Ritual: o jogo de imitação é um
ingrediente dramático imprescindível (bandidos, piratas e detectives têm as
suas linguagens próprias e os seus ritos).
A busca como desafio: a investigação pode supor
um percurso emocionante, pleno de surpresas e desafios.
Cooperação: o trabalho em equipa
ajuda a superar as dificuldades e a desfrutar os êxitos alcançados.
Trata-se, finalmente, de criar um quadro simbólico que
proporcione uma actividade atractiva e coerência às propostas de pesquisa.
Nos dias que correm cada vez é mais necessário este trabalho de formação de utilizadores e de animação da leitura.
Nota:
Este texto constitui uma viagem pelo excelente texto "La
formación de los usuarios en la biblioteca escolar", in Bibliotecas Escolares,
Espanha: MEC
Domingos Boieiro
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