Fábrica de Salga de Peixe Romana e Balneário (Arrábida)

 

 (Creiro-Portinho da Arrábida) Fábrica de Salga de Peixe Romana e Balneário



Vestígios da romanização da Península Ibérica. História local. Em plena Arrábida. Material de apoio para História do 7º e 10º anos.


Ali  a olhar para o mar, temos esta fábrica de salga de peixe romana à espera de ser vista. Todos podemos aprender um pouco mais, mesmo de toalha e chinelos… Praia e cultura.

Época Romana. Construção iniciada no Séc. I, continuado no Séc. II e manteve-se em funcionamento até ao século IV-V.


“Ruínas que integram uma unidade fabril de salga da época romana, constituídas por oficinas, fábrica, e balneário em bloco independente. A fábrica é de planta rectangular, possuindo onze tanques (cetárias) e um pátio que abre para o exterior, a S.. Completamente cercada por espesso muro, apresentando uma abertura de 1,4 m da banda S., com soleira formada por dois grandes blocos de pedra, com pequeno degrau.


 Os TANQUES, destinados ao fabrico de salsamenta (as conservas de peixe, feitas a partir de lombos de cavala, sardinha e atum) têm plantas quadrangulares, rectangulares, cujas profundidades actuais variam entre cerca de 0,5 m e 1 m, distribuem-se por dois grupos funcionais: o das salgadeiras - constituído por muretes com 0,3 m de espessura, formados por blocos de pedra, de dimensões médias, ligados por argamassa;


Adossam-se ao muro exterior da fábrica ou são comuns a duas ou mais salgadeiras quando estas confinam entre si; internamente os cantos são acentuadamente arredondados chegando à forma quase ovalada, tendo sido evitadas as arestas vivas por questões de higiene;


São revestidos nos fundos e nas paredes por resistente "opus signinum", desprovidos de fragmentos de cerâmica, tornado impermeável para a salga, onde o peixe macerava em sal; o outro grupo funcional de tanques marca a segunda fase da construção da fábrica: construídos provavelmente quando esta estava já em funcionamento, reutilizando o pavimento do pátio como fundo;


Os novos muros estão edificados sobre o mesmo pavimento e adossam-se ao revestimento de "opus signinum" dos muros pé-existentes e têm revestimento semelhante ao das salgadeiras (gravilha amassada com cal e areia): são menos profundos e têm um fundo menos impermeável (seriam reservatórios de sal ou de peixe); um é de planta subquadrangular e o outro é de planta trapezoidal (SILVA, COELHO-SOARES, 1987).


O pátio de planta em L, com pavimento formado por calhaus subrolados argamassados; no braço O. existe uma depressão em calote de esfera, rico em fragmentos de cerâmica (possível estrutura de limpeza do pátio). Troço de canalização de direcção NS.-SO. passa por baixo da fábrica de salga, com largura máxima de 0,5 m e profundidade de 0,6 m. No exterior da fábrica, construções: muro em arco de blocos não aparelhados que se adossa troço O. do muro que limita a fábrica a S., respeitando a zona de entrada da fábrica; dois muros prependiculares ao que limita a fábrica a O.; um muro prependicular ao que limita a fábrica a E. (SILVA, COELHO-SOARES, 1987).


POÇO ainda não escavado: era imprescindível água doce, em abundância, para o funcionamento deste centro de preparados piscícolas; nesta zona da serra a água superficial é escassa, mas uma das suas raras nascentes situava-se junto à fábrica, para o que esta dispunha de um poço de mergulho, a partir do qual a água era canalizada para a cisterna, situada junto ao balneário.



ARMAZÉNS situados a NE. dos tanques: conjunto de compartimentos de planimetrias rectangulares, justapostos, com funções de armazenamento, parcialmente escavado. BALNEÁRIO que se estende para a E., parcialmente escavado, de pequenas dimensões com hipocausto e fornalha, com compartimento para banhos quentes (caldarium) com a boca do forno, e outro para banhos frios (frigidarium), com sistema de circulação do ar à vista”.


 

Fonte: http://www.monumentos.gov.pt/site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=9795

 Para saber mais: 

http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/publicacoes/rpa/rpa19/16_211-234_3.pdf [Consultado em 2 de Julho de 2020]  Creiro (Arrábida): um estabelecimento de produção de preparados de peixe da Época Romana “, Carlos Tavares da Silva & Antónia Coelho-Soares


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