Alhos Vedros.. em Cada Esquina há Patrimónios e Gente Amiga

 Alhos Vedros.. em Cada Esquina há Patrimónios e Gente Amiga

“Está situada a Villa D` Alhos Vedros em Riba Tejo defronte da Çidade de Lisboa […]. Hé pouoação grande em seu termo […]”

 ANTT, “Descrição da Villa de Alhos Vedros”, Convento de Santiago, 1614, fls.337-339

                                             Vista geral da Igreja de São Lourenço...

Da sua Antiguidade…

  Pelourinho manuelino, esfera armilar no topo... símbolo da justiça e do poder municipal

Tem foral Manuelino, leitura nova, datado de 1514. O termo de Alhos Vedros inclui o  Barreiro, o Lavradio, a Telha, Palhais, a Moita, a Quinta Martim Afonso (Gaio-Rosário) e Sarilhos Pequenos (Leal, 1993).

                                                   Painel alusivo ao foral  da leitura nova ...

Alhos Vedros é a terra mais antiga de todas a que referi. Muitos querem-na situar antes do ano mil, os mesmos que consideram que a sua fundação é Árabe. É possível! Mas não muito documentada. É uma linha de investigação de história local à espera do interesse de alguém.

De facto e de direito esta Vila Antiga, fundacional, é referida desde o reinado de D. Sancho I, final do século XII, integrada no território da Ordem de Santiago, com sede em Palmela. Este dado, confere-lhe esse estatuto de terra de afirmação da nacionalidade.

Alhos Vedros, situada em Riba Tejo, era assim que se designava a faixa “litorânea” a norte do termo de Palmela (Leal, 1993).

Do seu Património…

Esta lonjura no tempo deixou marcas patrimoniais, que identificam o território e provocam, em todos nós - os que lá nasceram e os que a visitam – um sentimento de afeto e de pertença.

                                            Lateral da Igreja de São Lourenço... Qubba à vista

Alhos Vedros desempenhou, ao longo da história, um papel central na atividade moageira. Foi igualmente importante na pesca, produziu cal, cultivou os seus terrenos e afirmou-se na construção naval.

Alhos Vedros respira, em cada esquina, Património, Memória e História.

Gente amante da música e da alegria... coreto


Símbolo da música ... pormenor do coreto

Do Olhar e Sentir…

Ali defronte, da Igreja da Misericórdia, temos o Pelourinho manuelino. Este apresenta uma base entrelaçada, linguagem decorativa do estilo e com esfera armilar dos Descobrimentos no topo. Este símbolo marca o território, lembrando que é terra de Direito e Justiça.

                                       Base do pelourinho... cordame entrelaçado. Manuelino

A Igreja da Misericórdia é já referenciada desde o século XVI. É uma Igreja de nave única e com um riquíssimo conjunto de azulejos do século XVIII. Perseguindo o património religioso, chegamos à Igreja de São Lourenço – seguramente, a primeira a ser erguida. Embora faltem provas documentais e arqueológicas, tudo leva a crer que a sua construção se iniciou no século XIII. É a Igreja Matriz. Sofreu aumentos e alterações significativas, inicialmente no século XVI e, posteriormente, no século XVIII. Por isso, tem um estilo heterogéneo e diversificado. Apresenta elementos do gótico, de forma destacada na capela de São Sebastião, uma das cinco capelas. É também abundante em azulejo do século XVIII, apresentando duas Qubbas (uma em cada lateral). Tal atesta alguma influência arabizante. É esta Igreja que se pode considerar como o centro do espaço sagrado e religioso da vila.

                                                    Vista da igreja da Misericórdia...

Ali ao lado, temos o Poço, apelidado de mourisco, mas que, com certeza, não o é. É um poço quinhentista, de abastecimento ao povo, junto do espaço Sagrado-Religioso. Apresenta uma decoração com elementos naturalistas, um ramo de oliveira, a flor-de-lís e a cabaça do peregrino de Santiago. Claramente, esta gramática decorativa, inscreve-se no estilo manuelino.

Poço Mourisco... quinhentista

Pormenor da cabaça do peregrino...  de  Santiago

Flor-de-Lis pormenor no poço... usada na arte sacra e também associada à ordem de Santiago

Com o odor a maresia, temos o Moinho de Maré, que está junto ao cais e, ambos, formam o sistema do espaço “economicus” da vila antiga. Temos, aqui, a atividade moageira de mãos dadas com a construção naval. Ainda hoje, o cais é bastante utilizado por embarcações de pequeno porte e pelos barcos tradicionais. Anexo ao mesmo, está o estaleiro naval, ainda ativo na reparação e manutenção de pequenos barcos.

Vista do Moinho de Maré... 

Vista do estaleiro naval e de barcos tradicionais...

Barcos na maré baixa...

Pormenor de um barco tradicional.. O Jacaré II

Alhos Vedros, terra antiga, na sua essencialidade, soube afirmar-se e resistir. Desta resiliência, resultou um património cultural e histórico muito singular. Alhos Vedros é uma história que não acaba aqui…

                                              Mudam-se os tempos, mudam-se os patrimónios...

Alhos Vedros, uma história que nunca acaba!


Fonte:

Ana de Sousa, LEAL (1993). Foral Manuelino e Descrição da Vila de Alhos Vedros, CACAV, Alhos Vedros

 


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