Plantas da Mata da Machada: O Raro Fel-da-Terra

O Raro Fel-da-Terra. Mata da Machada (Barreiro)

 

                                                             Foto: Wikipédia

Nome científico; centaura erythreya

 Família: Gentianaceae

 (Há mais de 30 espécies de centáureas)

 Nome Popular: Fel-da-Terra, Centáurea, Centáurea Pequena, Porrete Rosa

 

Na mitologia, conta-se que o Centauro, metade homem, metade cavalo, foi curado com esta erva depois de ter sido ferido numa pata por Hércules. O seu nome vem desta referência mitológica, CENTÁUREA.

O Fel-da-Terra, o porrete rosa, planta muito ameaçada em todo o lado, encontrou-se comigo esta semana na Mata Machada, Barreiro, Vale de Zebro, em duas ocorrências com cerca de 14 plantas, contadas! Que felicidade! Apenas a encontrei em dois locais na Mata.


O Fel-da-Terra, nos meus tempos de menino e moço na minha Aldeia foi uma das plantas que por esta altura, da sua floração, a minha avó me mandava apanhar. E lá ia eu, junto ao ribeiro, junto aos caminhos e veredas, nos terrenos solarengos, calcários mas não argilosos, buscar uns molhinhos para a minha avó secar e guardar religiosamente em talegas de pano penduradas no teto da cozinha. Tinha um papel principal na botica da avó Rosa. 

Estava ali sempre à mão.

Era tido como um bom chá para as dores de estômago, para baixar a febre. Era sobretudo nos febrões que esta planta/erva medicinal entrava em ação. Também era usada pela minha avó para combater a diarreia. Há quem lhe atribua, igualmente, uma boa ação para abrir o apetite.

A forma de usar era em infusão, contudo, também a vi usar esta erva misturada com alecrim em fumigações para situações de problemas respiratórios associados a gripes e constipações. Eu ainda fui, algumas vezes, vitima desta "tortura" debaixo da toalha. E também a  ouvi transmitir-me, solenemente, que era boa para a "figadeira inchada".


O seu sabor é muito amargo. A minha avó dizia-me que não se podia abusar dela porque podia provocar irritação na boca do estômago.

Curiosamente, recentemente, tenho ouvido referências ao seu uso em licores e  misturada no mosto da uva. Não explorei ainda esta vertente.

Quem tenha feridas no estômago, as "úrselas",  não pode tomar este chá, dizia-me ela. E quem está de "barriga" também não, porque pode abortar. 

A planta pode ser toda aproveitada, desde as raízes, flores, caule e folhas. Em verde ou em seca.

A sua toxicidade é baixa, contudo tem de haver cuidado nas doses utilizadas. A medida popular de uma mão cheia para um litro de água, é uma referência, mais ou menos, segura.

A planta tem flores rosas, esbranquiçadas, pequeninas, delicadas, mede cerca de 20 a 30 cm de altura. As flores apresentam-se em "bouquet",  juntas. Delicada e frágil, toda ela. Cinco pétalas, e olho estilado amarelo. O fruto é ovalado e capsulado.

Ocorre em todo o continente, em terrenos ensolarados e abertos. Nas dunas de areia também já a observei, na zona da Fonte da Telha.

 É muito procurada e apreciada. Há notícias do seu uso um pouco por todo o lado.

 Muito rara na Mata da Machada. Agora que a encontrei vou acompanhá-la com muita atenção.

 

Mata da Machada: Fraca Ocorrência e algum em perigo.

 

 


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